When I need you - Celine Dion

Arranjuez Mon Amour - Nana Mouskouri

22.10.05

Retrato Virtual de uma Vida Real


Encontro-me na esquina da vida, como sempre estive! Sinto que nasci por capricho e para orgulho dos outros, uma espécie de brinquedo, uma " caniche " de estimação, de raça, para causar inveja aos menos afortunados.
À força de me dizerem que era linda, bela, achei-me feia! Quem tudo me quis dar, tudo me fez perder, porque se esqueceram que a minha vida só a mim a competia viver!
Casei tarde, mas não vivi a vida e muito menos o amor, que sempre foi muito retórico e platónico no meu corpo, porque aquele que eu espírito sonhava e vivia nunca passou de uma ilusão que só amargura e frustração deixou no meu coração apaixonado.
Nasci fonte, mas as convenções e as exigências sociais tornaram-me poça de futilidades, que não eram minhas. Os orgulhos dos outros transformaram-me numa lixeira de vaidades.
Depois, o amor que tive que escolher nunca foi igual ao que sonhei, ao que desejei e surgiram as frustrações e as desilusões que originaram depressões! E assim estoirei, como um balão que não podia aguentar mais vento, mais bafo viciado.Sentia-me uma flor seca, que definhava a cada dia que passava. A minha vida era um deserto árido e as conquistas profissionais nunca passaram de miragens sentimentais, oásis mirrados...
Com a virtualidade quis desforrar-me de tudo e recuperar o tempo perdido, os amores falidos, mas atropelei tudo, porque me esqueci de me purificar primeiro, de exorcizar os meus pecados e os meus recalcamentos existênciais.
Agora, sinto que estou numa encruzilhada da vida e ando meio perdida entre os amores virtuais e os reais, entre a ilusão e o medo de fazer a escolha errada, de falhar novamente, porque eu sei que, desta vez, não posso falhar: seria traumatizante, fatal! Porque tenho que escolher?
Já provei que posso fazer e assumir as minhas escolhas, de comandar a minha vida, porque agora penso já sei dizer não! Mas...
duvido, hesito, receio não ter força bastante para aguentar a pressão do peito, das minhas entranhas e da sociedade! Sinto-me frágil e sei que precisava de um anjo, um guerreiro para guiar e proteger, mas isso eu não posso ter, porque sou eu que tenho que viver a minha vida, com todas alegrias e tristezas!
Pedi e exerci a Liberdade, fugi da gaiola, mas cá fora sinto que só estou bem lá dentro! Acho que nunca fui e nem serei realmente livre e completamente feliz. No fundo, eu já me habituei ao meu mundo viciado... e nunca me desliguei e libertei do passado! E porque o passado está demasiado presente na minha vida, me sinto uma ave ferida, a voar à deriva, sem rumo certo e sem muito bem onde me aninhar... Ah! se alguém me pudesse ajudar !!!

Lud MacMartinson / LMMP
Luxemburgo

Nb: este retrato é pura ficção, fruto de uma sugestão, uma impressão, um pressentimento e qualquer semelhança será pura coincidência entre a virtualidade e a realidade, a menos que elas tenham decidido trocar de lugar enquanto escrevi este retrato e o meu olhar as tenha fisgado assim!

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