When I need you - Celine Dion

Arranjuez Mon Amour - Nana Mouskouri

28.4.06

Tu me manques tellement


Tu me manques tellement
que parfois je pense au pire
et je ne sais plus comment
rassasier mon âme en délire...

Il suffit d’un simple bonjour
Pour que mon cœur s’apaise
Et la peur laisse mon amour
Souffler et se mettre à l’aise...

T’est devenue mon temps,
ma bataille et mon paradis
T’es la source de mes élans
Et l’arc-en-ciel de ma vie...

Sans toi, je me sens perdu
Et seul dans de la tempête
Sans toi, l’avenir est révolu
Et j’ai pas le cœur à la fête...

Je t’en prie, brise le silence
Et envois-moi vite un signe
Pour éloigner la souffrance
Et m’aider à rester digne...

Des folies je pourrai faire
Si cela devenait trop dur
Je pourrai plonger en enfer
Et y brûler mon cœur pur...

Tu me manques tellement
depuis que j’ai pris goût
à tes baisers, j’ai besoin
de toi pour aller au bout...

de mes rêve et de mes folies
qui font voir la vie en rose,
même quand les ennuis
la rendent noire et morose...

Maintenant j’aimerais tant
te serrer dans mes bras
pour te montrer comment
mon cœur bat pour toi…



LUD
MacMartinson
2006

27.4.06

Meu coração



Meu coração balança sem cessar,
muitas vezes sem saber porquê,
se embala em cada palpitar,
se afoga e chega a perder a fé...

Por amor, sofre os dissabores,
cala os gritos e retém os ardores
que o fazem ir muito mais além
para viver no coração de alguém...

Quantas vezes eu gostaria de ser
do meu coração dono e senhor
para com muito amor o oferecer

àquela que o fizesse ir além da dor
para a loucura da paixão conhecer
e da vida ser o próprio Adamastor!
ou
( e a vida poder viver com amor !)



Lud
MacMartinson
2006

25.4.06

Lampejo de Amor




Quando à noite me deito
a pensar em ti, te imagino
aninhada no meu peito
num trejeito sedutor e felino...

Minha boca na tua se cola
para melhor beber o nectar,
o meu corpo no teu se enrola
para a libido sentir esquentar...

No ardor da paixão vejo
o teu olhar se incendiar
e arder no fogo do desejo,

a razão que teima em deixar
o amor ser o lampejo
que a alma deve iluminar...

Lud McMartinson - LMMP
Luxemburgo
2006

24.4.06

Queria .... viver as loucuras que escrevi !


Queria que o tempo parasse,
se estivesses longe de mim,
para que o amor voltasse
e fosse como a flor do jasmim
para que a tua alma inebriasse
e me desse amor sem fim

Queria que o tempo corresse,
quando a saudade aperta
p'ra que a vida não parecesse
assim tão triste e tão deserta
e a paixão jamais esmorecesse
no meu corpo em alerta

Queria sentir o teu perfume
e poder acariciar a tua mão
para tirar todo o azedume
que possa haver no coração
e fazer, como de costume,
entrar teu corpo em ebulição

Queria ainda ter a certeza
que serei só eu o teu amor
para poder viver com leveza
e esquecer o medo e a dor
que me invadem de tristeza
e deixam a vida sem sabor

Queria ser o porto de abrigo
e o jardim da tua felicidade,
para poder sonhar contigo
e, te amando em liberdade,
sera penas o simples mendigo
ou somente aquela metade

que faz sorrir o teu olhar
quando me sente endiabrado,
com vontade de te acariciar
e de beijar o teu corpo sagrado.
Queria de prazer te afogar
e poder ser o teu doce pecado

Queria ser o ar que respiras
para viver sempre dentro de ti
e mesmo quando deliras
te beijar como um colibri,
e, sendo o homem que suspiras,
viver as loucuras que escrevi

...
Lud MacMartinson - 2006

22.4.06

O perfume do ciúme

Agora até a minha boca
já sente o teu perfume,
o teu corpo me deixa louca
e me põe o coração em lume,

mas quando a fé é pouca
quase morro de queixume,
chorando até ficar rouca
afogado no maldito ciúme,

que não me deixa viver
Com o medo de te perder
só me apetece desaparecer,

para não ter que sofrer,
se outra mulher te fizer
sorrir e morrer de prazer.


Lud McMartinson - LMMP
Luxemburgo
2006

A serenidade da Luz


Olá,

hoje levantei-me cedo. É no silêncio da noite que melhor me sinto para escrever os reflexos da minha alma. A travessia do sono e a consciêcia tranquíla me dão aquela serenidade, a bonança, onde irá marear a Felicidade e a Esperança.

Estou sereno e sorrio para mim, para vida, porque estou melhor do que nunca. Mais maduro e mais forte para desafiar as animalidades e as falsidades tanto da raça virtual como das demais.

Sou um guerreiro da luz - sempre o soube e nunca duvidei um só instante disso - porque desde muito novo descobri a luz do Sonho, a luz da Inocência, a luz do Amor, a luz da Bondade, a luz da Simplicidade, a luz da Solidariedade, a luz da Verdade e a luz da Fé.

Como assim, Luís? Como é que um menino pode ver o que um adulto não vê? Pode uma criança sintonizar e colher essa luz que salva e que nos conduz pelo caminho da verdade e da verdadeira Felicidade? O menino está puro, sem interferências, sem influências ou dependências, o adulto está contaminado e só dá ouvidos e dá importância ao que prende e não ao que faz voar, ao que apodre e não ao que purifica.

In illo tempore...

O menino nasceu e desse ápice, em que os seus olhos viram pela primeira vez a luz, não se lembra, mas sabe que a mãe lhe sorriu e o beijo com as lágrimas nossos olhos! E nesse primeiro sorriso maternal ele recebeu toda a herança e toda a Fé dessa mãe sublime, - menina mimada e rica com uma vida de sonho, que tudo sacrificou para que o seu amor " brasileiro " e os filhos, que Deus lhe desse, se tornassem o " sonho da sua vida " !
A minha mãe perdeu, abdicou da sua vida de sonho para abraçar e realizar o sonho da sua vida!

Foi fácil a essa escolha?

Não, a menina sujeitou-se a perder a herança que o pai - herói da guerra - lhe viesse a negar e ousou casar sem o seu consentimento. Que coragem! É como um prisioneiro revoltar-se num campo de concentração!

Ora digam, sabendo ela - porque o seu coração lho dizia - que a chave da sua felicidade era aquele homem pobre, mas tão rico de sentimentos - porque razão haveria ela de pedir licença a quem lha negaria?
Apesar de todo o bem que esse pai lhe queria, ele não sabia que a felicidade da filha estava na pobreza e não na riqueza que ele ostentava e lhe daria.
Essa menina recusou pretendentes ricos - filhos de homens como o pai. Porquê? Porque ela sabia!
E, porque tinha a certeza, ela ousou afrontar as sevícas da paternidade e o opróbrio da sociedade e não teve medo das dificuldades que surgiriam, das lágrimas que choraria, das humilhações que sofreria e das privações que suportaria para seguir aquele rapaz - o seu homem - com um coração de ouro!

O meu pai não sabia, se calhar até o próprio também o desconhecesse que era de ouro e não de pedra o seu coração, mas a menina sabia e porque sabia, seguiu a voz do seu coração e, pedindo ajuda ao Deus com quem falava, encarou estoicamente a luta pelo sonho da sua vida!

Porque rejeitou a facilidade e a tranquilidade e abraçou a dificuldade de sorriso nos lábios e de coração aberto? Porque ela sabia onde estava a chave da sua felicidade... e obedeceu a quem devia e a quem teria que prestar contas todos os dias da sua vida: à sua consciência!

Essa mulher admirável é a minha mãe, de quem recebi um bem muito maior que o nome ou o próprio sangue: a FÉ que arrasa montanhas e com ela a TENACIDADE que te faz parecer imortal, a DIGNIDADE que te dá forças no meio da infâmia e do opróbrio, A BONDADE que te aproxima dos anjos e de Deus, O AMOR em ti, no próximo e em Deus, além do SONHO que te faz voar quando os outros te vêem rastejar, que te faz sorrir quando todo o mundo te vê chorar e que dá forças para seres diferente e seguir sempre em frente pelo caminho que conduz à eterna felicidade.

E a resposta à pergunta: onde e como é que o menino podia sintonizar essa luz? Como é que ele sabia que era seria um guerreiro da Luz ?
No SILÊNCIO, o menino ouvia vozes que lhe falavam com doçura e carinho; na ESCURIDÃO plantava mundos cor-de-rosa para estender os seus sonhos; no SORRISO de um velhote - para ele, mas realidade homem maduro - que, quando o cruzava na rua, lhe tirava o chapéu e lhe dizia: bom dia, Luisinho! Que Deus esteja contigo, meu menino, ele via a humanidade inteira! etc...

( Era o teu pai Alcina e tu ainda guardas o chapéu dele como uma relíquia, eu vi-o quando visitei a tua casa em 1998... Naquele dia 23 de Agosto, Toninho, em que o Marcos, o brasileiro, te disse que se tivesse um bigode como o teu seria rico! Nós rimos, sorrimos, e nesse instante vi todos os sorrisos que o teu pai me deu ao longo da vida! Estás a ver, se calhar para ti ele já morreu há anos, mas para mim ele está vivo e a prova é que me lembrei dele e o vi alí com o chapéu na mão, como nos anos 60 ! - Alcina e António são meus primos em 3º grau por parte das mães, mas foi o pai de me deu lições de humildade e bondade, de respeito e de simplidade! E eu adorava ir pôr-me nos caminhos por onde passava para as receber! Estava ele consciente disso? Não, o senhor António Rosa - assim se chama - não tinha essa pretensão: era um Homem, um cristão e cumpria o seu dever ! Era um exemplo de integridade e de dignidade! )

Acho que já entenderam, onde é que o menino colhia a luz que guardava como relíquia no seu coração: na BONDADE e na PUREZA dos seres humanos que Deus lhe colocava todos os dias diante dos seus olhos!

Na azáfama dos campos no Verão, quando o povo se sentava à sombra dos castanheiros para se refrescar; quando a fatalidade baria à porta de alguém; quando o povo se reunia para a festa da aldeia; quando o toque das Trindades paralisava as almas; quando alguém lhe oferecia um sorriso ele sintonizava todas as luzes que guerreiro precisa para as lutas da vida!

Antes de terminar, queria agradecer a todas as pessoas que ao longo da vida me ensinaram a ver o mundo e o coração dos homens e tantos arcos-íris estenderam na minha alma, para que eu nunca me esquece que até com a própria negritude, acreditando e querendo, eu conseguiria clorir a minha vida !

Eu aprendo e me enriqueço todos os dias com tudo o que os meus olhos vêem e com todos os seres que cruzo: com os humanos, reais ou virtuais, com as aves, os animais, as plantas, com os sons, com os odores, com os pressentimentos e, sobretudo, com os meus próprios medos...e dissabores.

Errando é que se aprende!

E porquê? Porque sei que eles estão aqui para me ajudarem a cumprir o meu desígnio: ser Feliz, simplesmente...

" Que as Forças do Sonho e do Amor estejam convosco para sempre ! "

Luís

LMP, LUXEMBURGO

MacMartinson
2006

Mundo de sonhos

Olá,

Como dizia o poeta António Gedeão na Pedra Filosofal, " o sonho comanda a vida " e é bem verdade, quer se acredite ou não!

Todas as realizações da humanidade e pessoais nascem de sonhos, de desejos, de ficções mais ou menos realistas ou realizáveis a maior ou menor prazo, sempre dependendo da vontade, da força e do empenho que pomos na sua concretização.

Desde menino de bibe - muito usado em meados do século XX - que me habituei a construir e desbravar os mundos inóspitos, fantasmagóricos e idílicos que a minha cabecinha introvertida fazia viajar pelas margens da minha imaginação e dos meus sonhos.

Ainda me lembro como, aos cinco ou seis anos sonhei o Brasil - desconhecendo totalmente o sentido de tal palavra - e como sonhei ser advogado para fazer justiça e " colocar atrás das grades " quem tinha abusado da ingenuidade dos meus pais, a quem roubaram - mais que alguns contos - uma certa maneira de viver, de sonhar o futuro...

Essa mesma sensação da espoliação de um sonho, alimentado anos a fio com abnegação e um certo estoicismo, viria eu sentí-la, anos mais tarde, quando preso no turbilhão de uma revolução manipulada e usurpada, me vi forçado ao degredo e a trilhar, como milhões de outros compatriotas e seres humanos de todo o mundo, as sendas íngremes da diáspora, conhecendo assim o sabor amargo e mórbido da saudade.

Roubar o sonho a alguém, é como violar e destruir a inocência de uma criança e queimar a esperança de um condenado: é inhumano e cruel !

No mundo actual, quanto mais o virtual se sobrepõe ao real mais o sonho é primordial.

Criança que não sabe, não consegue sonhar ou a quem roubaram o sonho, nunca será homem e país escravo de ideologias ou sitiado pela força das armas ou das manipulações comerciais, fruto de um liberalismo inumano, só podem tornar-se terroristas, devolvendo à humanidade aquilo que ela lhe deu a comer ou forçou a engolir.

No dia em que não houver mais lugar para o sonho ou para a esperança no coração do homem, a humanidade terá assinado a sua certidão de óbito e carregado no botão da sua autodestruição!

E o apocalípse erá apenas uma mera formalidade e uma questão de aceleração dos átomos no quadrante Tempo-Espaço que rege a nossa existência.

Hoje, mais do que nunca, urge Libertar o mundo dos aguilhões do sonho e do amor, para que a Esperança possa respirar e colorir a vida da humanidade.

Isto não é uma questão de Fé, mais sim de desígnio planetário!

Que as Forças do Sonho e do Amor estejam sempre convosco e vos façam guerreiros da Luz mais audazes do que os que gravitam nas trevas...

LMP, LUXEMBURGO

MacMartinson
2006

20.4.06

Fazendo horas...


Olá,

a minha vida profissional concede-me longas horas de reflexão, inspiração e solidão, que aproveito de maneiras diferentes, segundo o tempo que faz e o lugar onde me encontro.

Ontem, como dispunha de 120 minutos entre dois " rendez-vous " profissionais, aproveitei para vagabundear por uma cidade histórica, Echternach - mais de 2000 anos - fundada no 1º século e realmente desenvolvida no século VIII por um monge que deixou obra e fama de santo: St Willibrod!

Aqui ficam algumas fotos - a máquina digital, agora, é minha companheira e testemunha dos meus estados de alma ou dos encantamentos e dos sorrisos do meu olhar, perante a beleza que aprisiono por momentos para melhor libertar da minha retina ... - e uns versos que a " musa " me inspirou, enquanto bebia uma água no Café de la Culture, explorado por uma albanesa, onde estivera há meses com amigos da Rádio Aktiv, que quis redescobrir com calma, porque do Petit Poète - propriedade de um português do Minho - já sou cliente assíduo.

Num momento de inspiração, reflexão e de nostalgia, lembrei-me das " confidentes " - muitas de meses - que partiram sem deixar rasto, quando lhes confessei que estava " apaixonado ". Como já disse e escrevi, o escritor em geral, e o poeta em particular, pode ser um fingidor...porque a arte e a vaidade muitas vezes ofuscam ou deturpam a verdade...

Foi na língua de Molière que a " musa " me falou e ordenou que escrevesse:


Elle est partie
sans laisser de trace
plongeant ma vie
dans une impasse
Sans elle ici
rien a plus de grâce

C’était beau,
mais j’ai compris:
Il faut
que je m’efface
car un salaud
a prit ma place

Tant pis pour elle,
esprit rebelle,
qui s’enfuit
en faisant la belle
avec qui lui promit
une vie nouvelle

Elle est partie,
me laissant seul ici
que puis-je faire?
C'est la vie
parfois paradis,
souvent galère

...

Bom, devo dizer que nem 15 minutos fiquei no Café de la Culture, porque uma " deusa " me fez fugir da tentação...e mergulhar o meu coração na solidão ! Às vezes é muito bom, sabiam?

Na minha caminhada solitária, fui até à fronteira da Alemanha, a 250 metros e depois voltei pelo Museu da Pré-história, que visitarei num domingo de sol, quando tiver com quem partilhar os meus pensamentos e a " dolce vita " do " far niente " .

Termino dizendo que, profissionalmente falando, o " rendez-vous " foi um êxito, até porque era num lugar onde já estivera 5 anos antes, ninho da felicidade de um casalinho minhoto, que agora quer voltar à terra natal onde, como disse a senhora, " é preferível viver a comer pão com pão que bife aqui todos os dias "...

Este é um gesto de inequívoca confiança e de profunda gratidão, que eu honrarei plenamente. Sei que vou ajudá-los a realizar o sonho deles, pela segunda vez: é o meu dever, é a minha profissão !

Sei que sou um privilegiado, pois é um fascínio desvendar mundos, partilhar vidas e, muitas vezes, saber-se, por momentos, tábua de salvação ou o motor do sonho de alguém, que nos quer bem e nos pede para o ajudarmos a ir mais além...

Um abraço !

LMP, LUXEMBURGO


MacMartinson
2006

17.4.06

Meu avô: Homem - herói e poeta!

Olá,



fez no dia 9 de Abril, 88 anos que que se travou a batalha de La Lys - na França - que decidiu o vencedor da 1ª Grande Guerra Mundial.

Portugal, com o CEP - Corpo Expedicionário Português - também contribuiu para que a pátria da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade resistisse e vencesse o invasor que, 20 anos depois, estaria na origem do mais horrendo conflito da história da humanidade: a 2ª Guerra Mundial.

Meu avô, que nascera em 16 de Junho de 1896, foi um dos heróis de La Lys, mas pagou com a saúde a sua coragem e valentia nesses lamacentos e ensanguentados campos de batalha, tantos foram os gases inalados durante esses meses de trincheiras.

Mesmo antes de se alistar no Corpo Expedicionário Português, com vinte anos apenas, já meu avô se tinha ilustrado pela rebeldia que lhe valeu 3 dias de calabouço na tropa - enquanto recruta - e uma página da caderneta que o general lhe arrancou depois de se aperceber que o soldado que teve a ousadia de lhe dar duas bofetadas, demonstrou ser mais corajoso ainda, quando, debaixo do fogo e depois de 3 dias de isolamento e bombardeamentos intensos, arriscou a sua vida para atacar o inimigo pelos flancos e lhe roubar os víveres que salvaram os seus camaradas de armas e os seus oficiais de uma morte certa.

O outro facto ocorrera, anos antes, na igreja matriz da freguesia de Fiolhoso - nossa terra natal - num domingo de ramos, quando, para salvar a honra de uma criança enfrentou de peito aberto o abusador que lhe apontara uma pistola.

Loucura? Coragem? Inconsciência de um jovem?
Nada disso: dever! Dever de obedecer à voz da consciência e de ser homem em todas as circunstâncias!
Os factos que relatei antes de receber a medalha, provam que o António Macedo, nascera para ser Homem durante os 66 anos de vida!

Outro facto, prende-se com a " honra " à palavra dada e ao amor. E foi o seguinte!

Durante o conflito, os soldados não passavam só o tempo a disparar para matar ou morrer. Muitos dos largos dias de guerra eram passados a ajudar os camponeses na faina agrícola, porque, apesar dos bombardeamentos, a vida continuava e a terra tinha que produzir o sustento da nação francesa e dos valorosos jovens que, vindos dos quatro cantos do mundo, ofereciam as suas vidas para que Humanidade continuasse a viver e decidir livremente o seu destino.

Habituado a essas labutas no seu Trás-os-Montes agreste, o meu avô rápido ganhou a simpatia de um grande agricultor e encantou a " mademoiselle " sua filha, mas nem todos os campos de La Marne e de La Chamapagne conseguiram comprar a " palavra de honra " que o adolescente dera, antes de partir para a guerra, a uma donzela sua vizinha:

__ Espera por mim, Ana, que eu hei-de voltar e casar contigo !

O soldado Macedo duas vezes foi feito prisioneiro no campo de batalha - ( até parece que os alemães erravam o alvo de propósito !!! - e por duas vezes conseguiu fugir e voltar à sua trincheira de La Lys, como se " glória " lhe tivesse marcado a hora e escrito na testa: nascido para ser herói no dia 9 de Abril de 1918 ! (*)

O transmontano voltou e casou, honrando a sua palavra de amor. E ambos foram muito felizes durante 44 anos, até que a morte os separou !

Conheci meu avô e padrinho muito mal, mas dele retenho imagens fortes de um homem austero a lutar contra a doença que lhe cortou o fio da vida e a sorrir e a acariciar o neto franzino que, no intervalo das aulas, corria cem metros para vir pedir a benção e beijar os avós que sempre tinham algo para lhe meter no bolso para ele poder voltar para o recreio e repartir com os coleguinhas.

Eu não tinha ainda oito anos quando ele faleceu, mas aos 12, depois de voltar do colégio para as merecidas férias grandes, pedi à minha avó que me mostrasse as coisas do meu avô.
Sinceramente do espólio nada me interessou: nem as armas de caça, nem as medalhas, nem as libras de ouro, nem as gargantilhas e fiquei muito triste por nada que fora do meu avô me interessar.
Minha avó, vendo a minha tristeza, disse-me:
__ Ó filho, então nada te serve para lembrança do teu padrinho?
__ Não, avó, isso não !
__ Espera, o teu tio quis queimar uns livros de versos que o teu avô escreveu na guerra e às vezes ao serão enquanto eu tricotava e costurava...
__ Versos, avó?! O avô era poeta?!
__ O avô era sobretudo muito prosa... ( vaidoso ) !

Ainda me lembro: os meus olhos arregalaram-se e o meu coração quase me saltou do peito.
Em silêncio segui minha avó até ao baú das " futilidades " e insignificâncias, que meu tio quis queimar: a caderneta militar do meu avô, onde consta a sua bravura em La Lys e as folhas suadas e defumadas de um caderno de apontamentos
quadriculado que me prova que, além de herói e homem de palavra, meu avô até prisioneiro conseguia ser poeta.

Agora percebo porquê: era a sua forma de ser livre!
Seguramente que ele deveria ter muitos anjos da guarda e conhecer muito bem a força do sonho e do amor, para ter ido para o inferno e voltado ao seu paraíso transmontano...com um sorriso nos lábios. Dizem que também herdei isso dele...

__ Avó, esta é a recordação que eu quero ter do padrinho !
__ Mas isso não vale nada, Luís !
__ Nada avó?!
__ Sim, filho...
__ Ai avó, avó, se o meu avô tivesse estudado...
__ Pois, mas quando voltou da guerra, foi o teu avô quem teve que pegar na casa do pai...( e cuidar dos negócios e do sustento da família, porque o irmão mais velho já havia emigrado para o Brasil - Barra do Pirauí, no Estado do Rio de Janeiro ! )

Eu fiquei pensativo, porque não entendi o sentido das palavras, mas também não lhe liguei importância porque o que eu - que acabara de fazer os meus primeiros versos, no Colégio Salesiano de Arouca - mesmo queria, era ler os versos do meu avô materno...

Meses mais tarde, curioso como era, descobri que também o meu pai - que aos 18 anos retornara do Rio de Janeiro para cumprir o serviço militar na Pátria-Mãe - também era dado a versos e fora com eles que seduzira a " menina " dos olhos do meu avô, um Homem que, para mim, sempre foi um herói e um poeta!

Ah, como é bom, de vez em quando, regressar às raízes e mergulhar a alma dos rios das lembranças ou basculhar no baú das reminiscências !


(*) Foi na batalha de La Lys, a poucos quilómetros do meu avô, que outro conterrâneo murcense de Valongo de Milhais, entrou para a história, como um dos maiores heróis da guerra. Anibal de Milhais passou a chamar-se Anibal Milhões, o herói cujo busto pode admirar na praça com o seu nome na Vila de Murça em Trás-os-Montes, Portugal, o país onde nasci.



Luís Macedo Martins Pereira
Luxemburgo - MacMartinson - 2006

16.4.06

Amor é sumo da Vida !


" AMOR É SUMO DA VIDA "
( Carlos Drummond de Andrade - BR )


Verdade mil vezes repetida,
mas outras tantas esquecida
por aqueles para quem a vida
sempre foi lágrima ressequida,
cinzas da paixão esmorecida
de quem viu a vida perdida...


Sim, Amor é sumo da vida
para quem é fonte renascida
em cada noite de despedida
e em cada lágrima vertida
por uma paixão sem medida
que nos traz a vida colorida...

LUDwig

MacMartinson
2006

15.4.06

La peur...d'être mal-aimée

Mon amour, ne laisse pas la peur
anéantir le rêve que tu portes en toi
ni gâcher ta vie ou le bonheur
qui te faire vivre et partir au combat

Un jour tu pourras comprendre
et entendre les raisons du cœur
loin de tout, pour mieux apprendre
à vaincre la jalousie et la peur

qui peuvent gâcher ton existence
et te plonger dans la souffrance
ou te condamner pour l’éternité !

Je t’en prie, mon amour, écoutes
ton cœur, pour que les doutes
fassent pas de toi une mal-aimée!


LUD
MacMartinson
2006

Medo, submissão e ciúme...

Olá,

hoje até me sinto muito inspirado, porque gostaria de ter o poder e o condão de garantir a eterna felicidade a quem me faz viver, sonhar e renascer com Esperança todos os dias.

Mesmo assim, e porque terei sempre a possibilidade de melhorar, queria dizer-vos algo que sinto e vivo há muito tempo.

Nenhuma relação, sonho ou felicidade é possível se delas o medo se tornar o fantasma omnipresente. Ninguém pode ser ou fazer alguém feliz tendo ou causando medo, porque o medo é o vírus que impede o sonho de se realizar, como disse Paulo Coelho.

Outro estado de espírito ou atitude é, - por amor, diz-se ou pensa-se, - ser-se submisso e levar a submissão até à destruição da sua vontade e do próprio Ser único que cada um de nós é de facto.
Quantas mulheres ou homens vivem parecendo, dissimulando e fingindo?
Há sensivelmente um ano, conheci, neste mundo virtual, uma pessoa que aceitava ser "escrava " dos caprichos, fraquezas ou cobardias do homem que dizia amar.
Sem querer julgar, fui muito claro a esse respeito: " sem frontalidade, dignidade e coragem, não há verdadeira felicidade! "

O ciúme é, também, um dos vírus que mais estragos provocam, porque transforma o amor em ódio, contaminando assim a existência do portador e de quem vê a sua felicidade por ele destruida.

A felicidade exige pois muita frontalidade, muito respeito e, sobretudo, muita verdade. Sabendo que " errar é humano " e é com os erros que se aprende, se cresce e amadurece, reconhecê-los e saber perdoá-los é como preparar a terra para a sementeira...

Que a Vida nos dê muitas Páscoas..., porque é de passagens, de idas e de voltas e de travessias - mais ou menos atribuladas, por pontes e caminhos estreitos e íngremes - que a Felicidade se constrói e merece todos os dias.

Boa Páscoa !!!
Luís

Lud MacMartinson - 2006

Esquece, Mulher !!!



Esquece, Mulher, que um dia
eu aceitei a tua compaixão
e senti uma onda de alegria
invadir meu pobre coração

Esquece as lágrimas que chorei
por causa do teu maldito ciúme
Esquece as horas que passei
ardendo no meu próprio lume

Esquece, pois, todo o amor
que te dei inocentemente
porque agora só me resta a dor
para manter meu peito ardente

Esquece os sonhos que fiz
e as lutas que aqui travei
para que fosses muito feliz
Vá, esquece tudo o que te dei...

Esquece ainda e sobretudo
a mágoa ingente que senti
quando de um modo absurdo
meu coração se afastou de ti

Esquece também, se quiseres,
ou recorda tudo, se preferires,
pois as paixões novas que tiveres
serão a chance de me redescobrires

Esquecer talvez seja remédio
para quem se iludiu tanto
e se tornou vítima de um assédio
que se esmoreceu em pranto

Tantas vezes, tantas horas
esperei por ti com ansiedade,
e aproveitei essas demoras
para dar de beber à saudade

Esquece ainda e finalmente
que um dia tive a doce ilusão
de vir a ser o teu amante
e te fiz rainha do meu coração

Esquece tudo ou não esqueças nada
porque o absurdo tem uma razão
de se fazer gente e de ser a espada
de dois gumes da minha paixão

Esquece e deixa o tempo curar
esta dor e emudecer este grito,
para no meu coração fazer germinar
um amor ainda mais puro e infinito

Esquece e desaparece, Mulher,
que passado é a virtual aventura
Purificado, só tenho que renascer
e viver meus sonhos com ternura

Agora sei que da vida eu terei
certamente outra oportunidade
e à minha alma gémea darei
muito carinho, amor e felicidade


Lud
MacMartinson
2006