Destes contrafortes em xadrez
me apartei
para respirar a Liberdade
que ululava nas veias da saudade
Oh! Tempo de contradição e maldição
em que maltratei tanto o meu coração!
Minha voz vegeta
e grita abafada
nos labirintos da celestial tirania
e minha vida poeta
crepita por nada
neste desterro narcotizado de abulia!
Criança, bébé,
menino-bem, não pensava
ía onde a maré senil me obrigava
Agora é chegada a hora de partir
Coragem!
Porquê ter medo de decidir?
E uma tarde de Dezembro 73
quebrei de vez
a vilgilância dos contafortes em xadrez
e comecei
a respirar o fumo da Liberdade
que jorrava em mim em doce afectividade...
Se meu futuro se derreter em desterro
a felicidade fará a verdade de meu erro
Se esta esperança morrer criança
o tempo perdido aqui dar-me-à confiança
e então partirei feliz
de vez e sem saudade
a afrontar
os caprichos e as sevícias da eternidade!
Destes contrafortes de maldição
me apartei
para quebrar o sermão
que a maré senil selou com a santidade...
Neste covíl
ninguém dá tréguas à Liberdade !
Lud MacMartinson / LMMP
Luxemburgo
LMP, Estoril - 1973
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