O reencontro
( de Pat e Cris )
"... Enquanto o advogado se certificou que estavam realmente sós, a médica abriu a bolsa e tirou um minúsculo comprimido que engoliu a seco. Depois, molhando o dedo na saliva, passou-o de fugida pelos mamilos erectos.
― A Paula é bem descarada! ― bradou irradiante, mostrando-lhe o slogan O AMOR É LINDO DE MAIS escrito em maiúsculas com baton vermelho numa folha A3 branca.
― Vem, meu amor, vem ! ― rogou langorosa.
E, abraçando-se desesperadamente, foram-se despindo e beijando furiosamente até ao sofá.
Entrelaçados, os seus corpos uniram-se febrilmente e, friccionando-se com frenesi, concluíram, finalmente, aquele concerto de amor, cuja partição fora escrita e executada parcialmente, mas perdida nesse Verão de 1973, e que o destino magnânimo decidira, porém, devolver-lhes na véspera para que eles o interpretassem plenamente nesta melodramática quarta-feira.
E a febre do desejo, incessantemente inflamada pelo ardor da paixão, que um ano de luto e abstinência quase nele secara, mas que nela amadurecera pacientemente durante quase uma década, fê-los esquecer as reticências e as incertezas estéreis que ainda pairavam nos seus corações e conceder à nudez delirante a tão merecida liberdade de amar.
Prisioneira de um algoz impiedosamente amoroso, que tanto a deleitava com as mais ousadas carícias e carinhosas mordeduras, a Vénus contorcia-se, gemia e explodia de prazer como nunca imaginara.
Depois de a beijar, de a mordiscar e de lhe lamber integralmente o corpo, das unhas dos pés até às raízes da madeixa loura, durante quase dez minutos da mais ardente bajulação, ele decidiu, finalmente, abordar-lhe a boca por onde a vida vem ao mundo e por onde a virgindade se esvai para sempre um inebriante gemebundo, entre gritos, uivos e ais.
Obcecado pela divina Afrodite dos seus pensamentos perversos, que tantas em noites de insónia e de paixão ele amara virtualmente, o rei Tapiur, tal escravo submisso, foi cobrindo de beijos o monte de vénus e as suas vertentes, obrigando a orquídea virginal a abrir-se e a dilatar a fenda por a glande passaria impunemente.
Transpirando de êxtase e implorando desesperadamente o golpe que a desvirgindasse definitivamente, Cris, agarrando a virilidade estonteante com as mãos, tapou o vulcão vaginal e gritou desvairadamente e cerrando os dentes para que a dor da ruptura do hímen não a intimidasse e a fizesse voltar à noite do dia 4 de Agosto de 1973, em que não tivera a coragem de colher tão inefável amor, implorou: “ por favor, arrebenta-me! ”
Endemoninhado pelos trejeitos e os gemidos lancinantes da presa e impelido pelas unhas que ela lhe cravava por onde calhava, o algoz desferiu-lhe desvairadamente golpes sem conta até que, rasgado o véu, o sangue da vítima lhe manchou o alfanje.
Banhada em suor e lágrimas, Cristina, a quem o vaivém fulgurante anestesiara a zona púbica, não se cansava de implorar continua, meu amor, continua, isso, assim, ui-que-bom, ah-ah! Foi então que Rui Patrício, agarrando-lhe bem as nádegas, iniciou o movimento final, pautado por suspiros e gemidos, que terminou em apoteose com a explosão da seiva seminal na desvairada fenda vaginal.
Exausto, deixou-se cair levemente para que o suor secasse nos seus corpos.
E, durante cinco minutos, não disseram mais nada, deixando que a simbiose dos seus corpos lhes retirasse da alma as dúvidas que, porventura, ainda restavam; agraciadas e divinamente calmas, as suas mãos colaram-se em prece, enquanto os seus olhos infinitamente mudos, perscrutando-se, aproveitaram aquele silêncio sagrado para transvazar para as suas bocas o juramento de amor eterno que morava no relicário dos seus corações.
Depois de repetirem mutuamente e vezes sem conta que se amavam e se desejavam, cobrindo-se de beijinhos, eles ergueram-se e vestiram-se, retornando serenamente a Santo Amaro pela estrada do Estádio Nacional até à Cruz Quebrada, onde apanharam a Marginal...."
Lud MacMartinson / LMMP
Luxemburgo
LMP - A Força do destino
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