Olá,
hoje levantei-me cedo. É no silêncio da noite que melhor me sinto para escrever os reflexos da minha alma. A travessia do sono e a consciêcia tranquíla me dão aquela serenidade, a bonança, onde irá marear a Felicidade e a Esperança.
Estou sereno e sorrio para mim, para vida, porque estou melhor do que nunca. Mais maduro e mais forte para desafiar as animalidades e as falsidades tanto da raça virtual como das demais.
Sou um guerreiro da luz - sempre o soube e nunca duvidei um só instante disso - porque desde muito novo descobri a luz do Sonho, a luz da Inocência, a luz do Amor, a luz da Bondade, a luz da Simplicidade, a luz da Solidariedade, a luz da Verdade e a luz da Fé.
Como assim, Luís? Como é que um menino pode ver o que um adulto não vê? Pode uma criança sintonizar e colher essa luz que salva e que nos conduz pelo caminho da verdade e da verdadeira Felicidade? O menino está puro, sem interferências, sem influências ou dependências, o adulto está contaminado e só dá ouvidos e dá importância ao que prende e não ao que faz voar, ao que apodre e não ao que purifica.
In illo tempore...
O menino nasceu e desse ápice, em que os seus olhos viram pela primeira vez a luz, não se lembra, mas sabe que a mãe lhe sorriu e o beijo com as lágrimas nossos olhos! E nesse primeiro sorriso maternal ele recebeu toda a herança e toda a Fé dessa mãe sublime, - menina mimada e rica com uma vida de sonho, que tudo sacrificou para que o seu amor " brasileiro " e os filhos, que Deus lhe desse, se tornassem o " sonho da sua vida " !
A minha mãe perdeu, abdicou da sua vida de sonho para abraçar e realizar o sonho da sua vida!
Foi fácil a essa escolha?
Não, a menina sujeitou-se a perder a herança que o pai - herói da guerra - lhe viesse a negar e ousou casar sem o seu consentimento. Que coragem! É como um prisioneiro revoltar-se num campo de concentração!
Ora digam, sabendo ela - porque o seu coração lho dizia - que a chave da sua felicidade era aquele homem pobre, mas tão rico de sentimentos - porque razão haveria ela de pedir licença a quem lha negaria?
Apesar de todo o bem que esse pai lhe queria, ele não sabia que a felicidade da filha estava na pobreza e não na riqueza que ele ostentava e lhe daria.
Essa menina recusou pretendentes ricos - filhos de homens como o pai. Porquê? Porque ela sabia!
E, porque tinha a certeza, ela ousou afrontar as sevícas da paternidade e o opróbrio da sociedade e não teve medo das dificuldades que surgiriam, das lágrimas que choraria, das humilhações que sofreria e das privações que suportaria para seguir aquele rapaz - o seu homem - com um coração de ouro!
O meu pai não sabia, se calhar até o próprio também o desconhecesse que era de ouro e não de pedra o seu coração, mas a menina sabia e porque sabia, seguiu a voz do seu coração e, pedindo ajuda ao Deus com quem falava, encarou estoicamente a luta pelo sonho da sua vida!
Porque rejeitou a facilidade e a tranquilidade e abraçou a dificuldade de sorriso nos lábios e de coração aberto? Porque ela sabia onde estava a chave da sua felicidade... e obedeceu a quem devia e a quem teria que prestar contas todos os dias da sua vida: à sua consciência!
Essa mulher admirável é a minha mãe, de quem recebi um bem muito maior que o nome ou o próprio sangue: a FÉ que arrasa montanhas e com ela a TENACIDADE que te faz parecer imortal, a DIGNIDADE que te dá forças no meio da infâmia e do opróbrio, A BONDADE que te aproxima dos anjos e de Deus, O AMOR em ti, no próximo e em Deus, além do SONHO que te faz voar quando os outros te vêem rastejar, que te faz sorrir quando todo o mundo te vê chorar e que dá forças para seres diferente e seguir sempre em frente pelo caminho que conduz à eterna felicidade.
E a resposta à pergunta: onde e como é que o menino podia sintonizar essa luz? Como é que ele sabia que era seria um guerreiro da Luz ?
No SILÊNCIO, o menino ouvia vozes que lhe falavam com doçura e carinho; na ESCURIDÃO plantava mundos cor-de-rosa para estender os seus sonhos; no SORRISO de um velhote - para ele, mas realidade homem maduro - que, quando o cruzava na rua, lhe tirava o chapéu e lhe dizia: bom dia, Luisinho! Que Deus esteja contigo, meu menino, ele via a humanidade inteira! etc...
( Era o teu pai Alcina e tu ainda guardas o chapéu dele como uma relíquia, eu vi-o quando visitei a tua casa em 1998... Naquele dia 23 de Agosto, Toninho, em que o Marcos, o brasileiro, te disse que se tivesse um bigode como o teu seria rico! Nós rimos, sorrimos, e nesse instante vi todos os sorrisos que o teu pai me deu ao longo da vida! Estás a ver, se calhar para ti ele já morreu há anos, mas para mim ele está vivo e a prova é que me lembrei dele e o vi alí com o chapéu na mão, como nos anos 60 ! - Alcina e António são meus primos em 3º grau por parte das mães, mas foi o pai de me deu lições de humildade e bondade, de respeito e de simplidade! E eu adorava ir pôr-me nos caminhos por onde passava para as receber! Estava ele consciente disso? Não, o senhor António Rosa - assim se chama - não tinha essa pretensão: era um Homem, um cristão e cumpria o seu dever ! Era um exemplo de integridade e de dignidade! )
Acho que já entenderam, onde é que o menino colhia a luz que guardava como relíquia no seu coração: na BONDADE e na PUREZA dos seres humanos que Deus lhe colocava todos os dias diante dos seus olhos!
Na azáfama dos campos no Verão, quando o povo se sentava à sombra dos castanheiros para se refrescar; quando a fatalidade baria à porta de alguém; quando o povo se reunia para a festa da aldeia; quando o toque das Trindades paralisava as almas; quando alguém lhe oferecia um sorriso ele sintonizava todas as luzes que guerreiro precisa para as lutas da vida!
Antes de terminar, queria agradecer a todas as pessoas que ao longo da vida me ensinaram a ver o mundo e o coração dos homens e tantos arcos-íris estenderam na minha alma, para que eu nunca me esquece que até com a própria negritude, acreditando e querendo, eu conseguiria clorir a minha vida !
Eu aprendo e me enriqueço todos os dias com tudo o que os meus olhos vêem e com todos os seres que cruzo: com os humanos, reais ou virtuais, com as aves, os animais, as plantas, com os sons, com os odores, com os pressentimentos e, sobretudo, com os meus próprios medos...e dissabores.
Errando é que se aprende!
E porquê? Porque sei que eles estão aqui para me ajudarem a cumprir o meu desígnio: ser Feliz, simplesmente...
" Que as Forças do Sonho e do Amor estejam convosco para sempre ! "
Luís
LMP, LUXEMBURGO
MacMartinson
2006
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