Esquece, Mulher, que um dia
eu aceitei a tua compaixão
e senti uma onda de alegria
invadir meu pobre coração
Esquece as lágrimas que chorei
por causa do teu maldito ciúme
Esquece as horas que passei
ardendo no meu próprio lume
Esquece, pois, todo o amor
que te dei inocentemente
porque agora só me resta a dor
para manter meu peito ardente
Esquece os sonhos que fiz
e as lutas que aqui travei
para que fosses muito feliz
Vá, esquece tudo o que te dei...
Esquece ainda e sobretudo
a mágoa ingente que senti
quando de um modo absurdo
meu coração se afastou de ti
Esquece também, se quiseres,
ou recorda tudo, se preferires,
pois as paixões novas que tiveres
serão a chance de me redescobrires
Esquecer talvez seja remédio
para quem se iludiu tanto
e se tornou vítima de um assédio
que se esmoreceu em pranto
Tantas vezes, tantas horas
esperei por ti com ansiedade,
e aproveitei essas demoras
para dar de beber à saudade
Esquece ainda e finalmente
que um dia tive a doce ilusão
de vir a ser o teu amante
e te fiz rainha do meu coração
Esquece tudo ou não esqueças nada
porque o absurdo tem uma razão
de se fazer gente e de ser a espada
de dois gumes da minha paixão
Esquece e deixa o tempo curar
esta dor e emudecer este grito,
para no meu coração fazer germinar
um amor ainda mais puro e infinito
Esquece e desaparece, Mulher,
que passado é a virtual aventura
Purificado, só tenho que renascer
e viver meus sonhos com ternura
Agora sei que da vida eu terei
certamente outra oportunidade
e à minha alma gémea darei
muito carinho, amor e felicidade
Lud
MacMartinson
2006
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