Olá,
a minha vida profissional concede-me longas horas de reflexão, inspiração e solidão, que aproveito de maneiras diferentes, segundo o tempo que faz e o lugar onde me encontro.
Ontem, como dispunha de 120 minutos entre dois " rendez-vous " profissionais, aproveitei para vagabundear por uma cidade histórica, Echternach - mais de 2000 anos - fundada no 1º século e realmente desenvolvida no século VIII por um monge que deixou obra e fama de santo: St Willibrod!
Aqui ficam algumas fotos - a máquina digital, agora, é minha companheira e testemunha dos meus estados de alma ou dos encantamentos e dos sorrisos do meu olhar, perante a beleza que aprisiono por momentos para melhor libertar da minha retina ... - e uns versos que a " musa " me inspirou, enquanto bebia uma água no Café de la Culture, explorado por uma albanesa, onde estivera há meses com amigos da Rádio Aktiv, que quis redescobrir com calma, porque do Petit Poète - propriedade de um português do Minho - já sou cliente assíduo.
Num momento de inspiração, reflexão e de nostalgia, lembrei-me das " confidentes " - muitas de meses - que partiram sem deixar rasto, quando lhes confessei que estava " apaixonado ". Como já disse e escrevi, o escritor em geral, e o poeta em particular, pode ser um fingidor...porque a arte e a vaidade muitas vezes ofuscam ou deturpam a verdade...
Foi na língua de Molière que a " musa " me falou e ordenou que escrevesse:
Elle est partie
sans laisser de trace
plongeant ma vie
dans une impasse
Sans elle ici
rien a plus de grâce
C’était beau,
mais j’ai compris:
Il faut
que je m’efface
car un salaud
a prit ma place
Tant pis pour elle,
esprit rebelle,
qui s’enfuit
en faisant la belle
avec qui lui promit
une vie nouvelle
Elle est partie,
me laissant seul ici
que puis-je faire?
C'est la vie
parfois paradis,
souvent galère
...
Bom, devo dizer que nem 15 minutos fiquei no Café de la Culture, porque uma " deusa " me fez fugir da tentação...e mergulhar o meu coração na solidão ! Às vezes é muito bom, sabiam?
Na minha caminhada solitária, fui até à fronteira da Alemanha, a 250 metros e depois voltei pelo Museu da Pré-história, que visitarei num domingo de sol, quando tiver com quem partilhar os meus pensamentos e a " dolce vita " do " far niente " .
Termino dizendo que, profissionalmente falando, o " rendez-vous " foi um êxito, até porque era num lugar onde já estivera 5 anos antes, ninho da felicidade de um casalinho minhoto, que agora quer voltar à terra natal onde, como disse a senhora, " é preferível viver a comer pão com pão que bife aqui todos os dias "...
Este é um gesto de inequívoca confiança e de profunda gratidão, que eu honrarei plenamente. Sei que vou ajudá-los a realizar o sonho deles, pela segunda vez: é o meu dever, é a minha profissão !
Sei que sou um privilegiado, pois é um fascínio desvendar mundos, partilhar vidas e, muitas vezes, saber-se, por momentos, tábua de salvação ou o motor do sonho de alguém, que nos quer bem e nos pede para o ajudarmos a ir mais além...
Um abraço !
LMP, LUXEMBURGO
MacMartinson
2006
Sem comentários:
Enviar um comentário