A luta da vida

Foram tantas as guerras travei,

muitas vezes sem saber porquê

e no meio da batalha me achei

quando só já me restava a Fé.


Bruxas e demónios enfrentei

e por vezes remei contra a maré,

porque do meu amor só eu sei

quando está prostrado ou de pé


A vida é uma luta constante,

bem concreta e definida,

que nos faz seguir em frente,


para a levarmos de vencida

porque a vida é sempre Presente

e só ela vale a pena ser vivida


LUD


MacMartinson

2006

Displiscência

Fervia no seu olhar um desejo incontido

que exigia desabrochar e ser vivido

Renascia no seu peito um fogo intenso

onde se debatia o seu amor imenso


Corria no seu corpo uma brisa de folia

que queria mostrar toda a sua magia

Batia no seu coração uma palpitação

que se afligia e desejava ser paixão


Flamejava no seu olhar a inquietude

de quem se prepara para a batalha

e deve deixar para trás a mansuetude


de uma alma onde se embaralha

a displiscência que o coração desilude

antes de o fazer arder na sua fornalha


LUD

MacMartinson

2006

Hoje talvez

Só hoje existe, mas por quanto tempo?

Será que ele persiste em ser lamento

de um passado morto e muito triste

ou em ser futuro inventado ele insiste?


Já viste bem a sorte do nosso fado?

Vivemos sem norte num mundo falhado

e fazemos planos para que a sorte

desfaça os enganos da própria morte


Hoje é dia de ser, mais uma vez,

de viver, de sofrer e de morrer, talvez,

ou de o coração amar como nunca fez


Hoje poderá ser o último dia da vida

e a derradeira chance de ver vivida

e consumida esta paixão proibida !


LUD

MacMartinson-2006

Sonhei contigo

Esta noite eu sonhei contigo

choramingando junto ao mar

e até parece que era castigo

não conseguia me aproximar..

Vi-te desaparecer na bruma

e seres levada pelas águas

que se formavam em espuma

para sublimar as mágoas...

Perdido me julgando também,

ao mar me lancei desesperado

e foi aí que senti alguém,

me segurando do outro lado

e me sorrindo como quem

ao meu queria unir seu fado...

LUD

MacMartinson

2006

Rainha

Como não possuo terras,

te ofereço o meu coração

cheio de mil quimeras

e de amor a profusão



Como não tenho diademas

para a tua cabeça coroar,

te dedico os meus poemas

para a tua alma embalar


Rainha do meu coração

te tornaste no primeiro dia

em que a tua aparição


me ressuscitou a doce alegria

e a Fé num amor de eleição

em que na minha alma jazia


LUD

MacMartinson - 2006

Desespero

Quantas vezes me deito desesperado,

apalpando o lençol e soltando um grito,

mórbido me toco e cometo o pecado

de te envolver no meu tédio aflito...

E as horas, desfilando no meu olhar,

acabam por me vencer de cansaço

e em meteórica viagem me largar

rumo ao doce abrigo do teu regaço...

O desespero sublimado se dissipa

e a alma peregrina logo reconforta

e, por vezes, até a noite se antecipa

e até a Esperança quase morta

das brumas da memória ressuscita

para deixar o amor à minha porta...

Lud MacMartinson - 2006 - LMMP - Luxemburgo

Obsessão II

O teu amor é uma prisão

onde se deleita a liberdade

deste sonho e desta ilusão

que dão cor à felicidade...

A tua voz me acalma

e me adoça de verdade

a dor que dilacera a alma

quando me bate a saudade...

Há dias e noites a fio,

que te procuro sem cessar:

és obsessão, és desafio

por quem vivo a lutar ;

és corrente, és navio

que o amor faz navegar,

és a luz do dia sombrio

e o zéfiro raio de luar..

O teu amor é uma prisão

que à Esperança dá guarida,

quando o desespero e a solidão

já dão a vida por perdida...

Quando a inquietude vem

grito teu nome ao vento

esperando que alguém

me dê um pouco de alento...

Há dias e noites a fio

que te procuro feito louco,

soltando um grito vazio,

pois tudo me sabe a pouco...

Por ti, esperarei a eternidade

e morrerei se for preciso,

porque tu és a felicidade

que de amor irriga o paraiso...

LudMacMartinson - 2006

Eu sei

Eu sei que vou te esperar pela eternidade

para nos braços da saudade poderes voltar

Eu sei que irei te procurar com assiduidade

e te amarei de verdade quando te sonhar...

Eu sei que pelo canto da cidade te seguirei

e, por ti perguntando, te farei realidade

Eu sei que a minha liberdade te entregarei

para me sentir prisioneiro da tua vontade...

Eu sei que a minha afectividade te darei

e no meu coração te protegerei da maldade

Eu sei que da atrocidade te livrar tentarei

mesmo quando ela quiser ser fatalidade...

Eu sei que a fonte da tua felicidade serei

e que o teu coração com bondade irrigarei

Eu sei que, conquistando a tua amizade,

a minh'alma à tua jurou eterna fidelidade...

Eu sei...

LUD

MacMartinson - 2006 LMMP